sábado, 10 de setembro de 2016

Dia 10 de Setembro de 2016


Daqui a 05 dias, fará um mês que mamãe morreu.
Evito conversar a respeito da passagem dela, primeiro porque não estava aqui e depois, porque mesmo sabendo que ela descansou,,, doí muito esta separação.
Hoje, tivemos um batizado na família e minha irmã mais velha começou o assunto sendo cortada por mim, dizendo que não era o lugar apropriado. Logo gerou discordância, porque todos temos o direito viver o luto da sua maneira...
Conclusão: sai de lá aborrecida, num mal estar incrível. Começaram a dizer os últimos momentos dela...e que a noite, minha sobrinha que é médica, disse ter percebido que ela estava indo e mesmo assim, foi embora da casa de minha irmã que os dispensou, também reconhecendo que mamãe estava em coma...achava que este quadro poderia estender e que era melhor todos irem dormir. Mamãe ficou com a cuidadora (segundo minha irmã, de madrugada levantou algumas vezes para vê-la).
Vivo a raiva, a tristeza e a compaixão pela solidão dela, que na verdade é a mesma minha. 
-A raiva de ter corrido o risco de viajar com ela neste estado crítico que vinha sendo prolongado, mesmo reconhecendo que foi um grande presente para mim,
- raiva por a terem deixado  com cuidadora em seus últimos momentos e agora ficarem arrotando que sua morte foi super tranquila, romanceando o último suspiro em seus braços;
-raiva pela minha prepotência de achar que eu cuidava melhor dela,
-raiva, pela prepotência de minha sobrinha que sempre criticou os médicos de mamãe e agora no mínimo foi covarde, não aguentando a confortá-la na hora que mais precisava,
- tristeza pelo vazio, pela falta de sentido que ainda não tive tempo para  reestruturar-me, sei que   será eterno.

Dia 24

Um mês e 9 dias. depois de sua partida; foram várias pessoas conhecidas, sendo a última ontem, que hoje estaria comemorando 74 anos de vida.
Percebi que continuo na raiva. Raiva de mim, de tudo e de todos. Tivemos 2 nascimentos que ao visitar, fico me perguntando, porque? para que? qual o sentido desta caminhada?
Questiono a vida. Questiono Deus, por sua onipotência, de trazer o Ser Humano, para este plano incarnado, de desafios constantes.
Ontem, no velório, era uma barulhada de pessoas conversando assuntos diversos, alto e senti desrespeito. Queria ouvir a prece do padre e não consegui. Ao comentar com minha filha e minha irmã: é normal esta atualização das pessoas que passam muito tempo sem se ver...
Meus valores são diferentes de hoje, me sinto um peixe fora água.
Busco ser independente, organizo minha vida para evitar a solidão total e vivo a frustração de não ser especial para alguém e também ver defeitos em todos.
 Minha filha, me chamou as 13:30 h para almoçar em sua casa.  pois tinha resolvido há pouco tempo, chamando tb seu pai e esposa. Sinto que subestima minha inteligência, querendo que eu acredite nesta historinha. Neste horário, se não almocei, está tudo pronto me esperando!
As vezes me pergunto: ainda estou de luto ou me tornei uma velha ranzinza? Até quando, ainda posso estar vivendo saudavelmente a passagem de mamãe? Deus, preciso de ajuda, para perceber minha doença, se assim  chamar. Desejo ser útil, alegre, amiga...ajudai-me  Senhor!

Dia 27

Ontem, escrevi uma síntese do momento atual, rezei e pedi ajuda. Tive um sonho interessante e consultando o Guia e as Palavras Sagradas, tive uma grande ajuda.
- Primeiro, temos o livre arbítrio de escolher o nosso caminho. O de baixa resistência está sempre ligado a natureza inferior do homem e o caminho mais resistente, mais estreito, ao nosso crescimento.
-Segundo, para alimentar a paixão pelo viver, preciso descobrir se quero sentir prazer e alegria. Senti como uma benção, uma resposta as minhas inquietações.

Dia 01 de Outubro

E procurando o prazer, voltei eu a caminhar na água, no clube, segundo meu filho, exercitando mais a língua que as pernas. Tem razão, mesmo porque estou com uma tendinite resistente no calcanhar esquerdo. Almocei em casa, vi TV com meus 5 companheiros e estou lendo um outro livro.
Recusei convite para ir almoçar em casa de uma filha e confesso, estou gostando muito da solidão; ficar comigo mesma.

Dia 09

Viajei com minha irmã mais nova de terça até ontem a tarde; fomos ao Rio visitar uma prima. Estava muito bom. Hoje, aceitei o convite de ir almoçar em casa de minha irmã mais velha e foi a primeira vez que fui, após a morte de mamãe. Sai de lá muito triste. Senti a falta dela que adorava estes almoços de domingo...Sei que vai passar, estou aprendendo a conviver com sua ausência presente. Tinha combinado de ir ao cinema com uma amiga e perdi a vontade de sair. Sinto que a minha presença, também acentuou a saudade em minha irmã.

Dia 25

Ontem a melhor amiga de mamãe (94 anos) me ligou pela segunda vez, querendo o número do túmulo dela, para ir visita-la no dia de finados. Percebi que era importante  visita-la e convence-la ...e assim fizemos, eu e minha irmã mais velha. Abraça-la, sentir sua fraqueza física e seu afeto por mim, me fez muito lembrar de minha mãe. Hoje, já não estou tão triste como fiquei ontem. Mostrei a ela, que estamos bem e aprendendo a conviver de outra maneira e que no cemitério nada existe além de um corpo sem vida; mamãe é uma energia diferenciada da nossa e viva. Ela ficou muito feliz com nossa disponibilidade para ir ve-la, já que esteve internada...senti que estava muito preocupada principalmente por mim, que ainda não tinha visto. Esta amiga, foi no enterro.

 Estou fazendo fisioterapia para recuperar a saúde do meu calcanhar E e exames rotineiros de acompanhamento. Me cuido, sei que sou importante para mim principalmente e não desejo dar trabalho aos meus filhos.
Decidi viajar com uma amiga em novembro por 6 dias, iremos a Miami. Me esforço para encontrar atividades que me deixem com entusiasmo pela vida. Ao mesmo tempo, faço uma programação para 2017 de atividades mais produtivas e caridosas.


Dia 02 de Novembro

Primeiro finados, sendo comemorado também a partida de mais uma querida. Está fazendo 39 anos que papai desencarnou. Como fazíamos ha mais tempo, fomos ontem (as 3) ao cemitério e enfeitamos os túmulos. Faço este ritual, sabendo que atendo um prazer deles enquanto encarnados, pois para mim, sei que estão por perto em outra sintonia.
Recebi um grupo de colegas do Minas, de caminhada na piscina. Fico feliz de estar dando conta destas confraternizações neste final de ano; sinto muita gratidão pelo apoio que tive durante toda a enfermidade de mamãe. Ia para o clube, andava falando do sufoco...agora sinto que elas merecem este carinho.

Dia 07

Hoje, andei organizando fotos e a saudades bateu muito forte, chorei muitooooo!!!!Natal sem sua presença será um grande desafio.



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